Olá
amigos e amigas do PORTAL PÊ.TI.PO.LÁ,
Vou aproveitar todo o clima olímpico que invadiu
nosso país, mudou as atividades e programações na TV, nas rádios, internet e
redes sociais, enfim, um espetáculo de proporção global. E não é para menos, o
esporte faz parte da nossa cultura, por milênios, e nada mais comum que ver,
praticar e gostar de esportes. Mas, e quando o assunto é atleta infantil ou mirim? É bom, é ruim, ou não tem nenhuma influência? É só mais uma atividade
na vida das crianças?
É senso comum, atualmente, entre os professores de Educação
Física, que devemos primeiro auxiliar no desenvolvimento das habilidades
motoras das crianças, como andar, correr, saltar etc. Habilidade é um saber fazer, um conhecimento operacional,
procedimental, uma sequência de modos de agir ou operar.
Podemos dividir as habilidades da seguinte maneira:
Movimentos fundamentais na terceira infância (8 a 10 Anos):
- Estabilidade: sentar, ficar em pé, curvar, torcer e girar
- Locomoção: correr, saltar, pular
- Manipulação: lançar, pegar, chutar e rebater
- Locomoção: correr, saltar, pular
- Manipulação: lançar, pegar, chutar e rebater
Movimentos especializados
- Estabilidade: andar em superfície escorregadia, esquiar,
ginástica na trave
- Locomoção e Manipulação: jogos recreativos e esportes competitivos.
Em alguns casos, pais que anseiam realizar seus sonhos esportivos através dos filhos, (tema já tratado aqui no PORTAL PÊ.TI.PO.LÁ, no artigo Escolhendo o esporte dos filhos, escrito pelo nosso amigo Pedro Henrique) em busca de prestígio e sucesso acabam expondo suas crianças a situações de grande exigência e tensão, de treinamentos extenuantes muito cedo em busca de alta performance.
- Locomoção e Manipulação: jogos recreativos e esportes competitivos.
Em alguns casos, pais que anseiam realizar seus sonhos esportivos através dos filhos, (tema já tratado aqui no PORTAL PÊ.TI.PO.LÁ, no artigo Escolhendo o esporte dos filhos, escrito pelo nosso amigo Pedro Henrique) em busca de prestígio e sucesso acabam expondo suas crianças a situações de grande exigência e tensão, de treinamentos extenuantes muito cedo em busca de alta performance.
Em muitos casos o Ministério Público do Trabalho
(MPT) tem atuado fiscalizando entidades, times e clubes, que fazem seleção e
treinamento de crianças para formar suas bases de atletas, afim de evitar a
exploração e o abuso dessas crianças.
A Lei 9.615 de 24 de março de 1998, popularmente conhecida como
Lei Pelé, tem itens que visam evitar a exploração do trabalho infantil. Ainda
segundo essa lei, é obrigação de uma entidade esportiva garantir assistência
médica, psicológica, odontológica e educacional a um jogador.
A ação destina-se a evitar que essas crianças, na busca de
realizar um sonho, sejam enganadas e se tornem presas fáceis de exploradores
que se multiplicam pelo país, e exploram o talento das mesmas.
Outros deveres de um time: manter instalações esportivas
adequadas, ter profissionais especializados em formação técnico-desportivas. Um
jovem também não pode praticar atividades físicas por mais de 4 horas diárias,
tampouco pagar para realizar um teste.
Há relatos inúmeros de exploração, maus tratos e abuso sexual
dessas crianças, que em muitos casos são levadas para localidades afastadas do
seio familiar. O que dificulta em muito a descoberta desses casos.
Mas, o que pode ser feito de concreto para proteger nossas
crianças? Nós, profissionais de educação física, pediatras e outros
profissionais da área de saúde, conseguimos ver nas atividades esportivas uma
boa ferramenta para auxiliar no desenvolvimento integral da criança, porém, a
especialização dos movimentos e a sua prática
excessiva contribuem para a degeneração hipocinética. Uma doença caracterizada
pela diminuição da capacidade funcional de vários órgãos e sistemas, que pode
levar a doenças severas como artrite, diabetes, pressão alta, entre outras.
Essa degeneração, em épocas anteriores, era mais comumente encontrada em adultos. Porém,
com o aparecimento de competições esportivas infantis, essa doença torna-se
comum entre crianças, atualmente.
Tais exageros, levam a um grande número de
evasão de crianças desses esportes, diminuindo ou extinguindo as possibilidades
de surgimento de um talento esportivo na vida adulta.
O Brasil foi 13º lugar no
quadro de medalhas, sua colocação poderia ser melhor se nas bases dos esportes
fizessem o que muitos países desenvolvidos fazem - que é a preparação das bases motoras da criança,
onde ela vivencia várias atividades esportivas dos 07 até por volta dos 11
anos e depois escolhe um esporte ao qual se dedicar pela maior parte de
sua adolescência e vida adulta. Aí sim ela terá mais possibilidade de ser um
atleta melhor estruturado. Uma experiência positiva acontece na Alemanha, e já
é repetida em algumas escolas no Brasil, que é o Projeto Escola da Bola, onde se ensinam
vários esportes às crianças e estes são mudados de período em período, para
que as crianças tenham um desenvolvimento motor mais amplo possível.
Infelizmente essa ainda não é uma realidade geral. Como profissional da área de educação física, vi
durante minha formação os absurdos que eram realizados na preparação dessas
crianças:
- Coação por parte de treinadores, que exigiam
uma maturidade psicológica e técnica de uma criança que às vezes nem tinha aprendido
a ler;
- As exigências fisiológicas de corpos que
ainda não tem seus sistemas amadurecidos;
- Exposição a situações de risco como lutas,
nadar em piscinas profundas, quando não, realizar travessias marítimas;
- Utilização de suplementos não indicados para
crianças, a fim de aumentar o rendimento esportivo;
- Burlar a legislação, colocando uma criança
mais velha em competições com crianças menores, conhecidos como “GATO”.
E outros inúmeros casos que me fizeram decidir trabalhar com o aspecto educacional do esporte. E tenho buscado fazer o
melhor trabalho possível na área, com o objetivo de contribuir com um melhor
desenvolvimento para meus alunos.
E vocês perguntam: e como você faz para evitar esses exageros? E como nós pais,
professores, responsáveis e profissionais da área infantil podemos fazer
também?
BRINCAR, BRINCAR, BRINCAR
1. Dar tarefas que exijam habilidades como
correr, agachar, levantar, subir escalar, arremessar, agarrar, puxar, lançar,
pegar, enfim, que possam deixar a criança usar suas habilidades de forma mais
natural (funcional) possível;
2. Não torne a atividade (seja ela qual for) uma
obrigação;
3. Não transforme a criança num realizador dos
seus sonhos que ficaram para trás, deixe ela criar os dela;
4. E finalmente, e não menos importante, preze
pela formação integral de suas crianças: suas habilidades motoras, o desenvolvimento
físico, o cognitivo, o afetivo e o social.
PS.: Conselho de pai: jamais entregue suas crianças, sem antes consultar as credenciais do
profissional. Por que entregar aos cuidados de qualquer um? Só por
ser mais econômico? Muito cuidado com quem tomará conta da educação motora
delas.
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